A F.A.RO. - RJ em solidariedade aos nossos amigos e irmãos gaúchos abre espaço para notícias e reflexões sobre essa tragédia anunciada. Vale pensar e revisar nosso comportamento diante dos fatos geradores desse tipo de holocausto; pois a nossa inércia, o nosso silêncio e conivência ferem e produzem feridas em escalas impensáveis.
Hoje SM no RS chora seus mortos. Que outros não venham a chorar. No entanto, para que haja uma mudança social, tem de haver uma mudança pessoal. O veganismo traz essa proposta da extensão da compaixão por todos os indivíduos senscientes e conscientes independente de sua espécie. Conheça o veganismo! Faça a transformação!
Que mãe nenhuma, de espécie alguma, volte a chorar seus filhos mortos prematuramente!
Abaixo recomendamos o excelente texto do Dr. Fábio Scliar.
SILÊNCIO E SOM
Talvez esse artigo não devesse ser escrito. O silêncio seria o que chamamos no Direito de silêncio eloquente. A ausência que vale mais que mil palavras. Mas o som da argumentação e da crítica, é uma arma poderosa que se não pode evitar o que aconteceu, pode contribuir para que tragédias assim não ocorram de novo.
O mais comovente nas notícias a respeito de Santa Maria foram os relatos de bombeiros e legistas sobre as dezenas e dezenas de celulares que tocavam sem parar ao lado dos corpos de mortos e feridos. Eram pais, irmãos e amigos ligando para as vítimas, querendo saber notícias...respostas que nunca virão, o silêncio que diz tudo, famílias despedaçadas...
Mais de duzentos jovens mortos. Jovens no ápice da vitalidade, estudando, aproveitando a vida....O futuro...o futuro.
O País do Futuro, dos grandes eventos, da Copa do Mundo, das Olimpíadas. Onde tudo é gigante, as estradas, as pontes, os rios, menos o cuidado, a responsabilidade, o respeito às regras.
Depois do choro e da comoção, se é que haverá um depois, quem pagará pelo acontecido? A cadeia de responsabilidades é enorme.
Olhando de longe, o dono do estabelecimento e seus funcionários que não cumpriram, até onde se sabe, regras de sinalização de saídas de emergência, previsão de rotas de fuga, verificação da incompatibilidade tão óbvia entre um show pirotécnico e revestimentos de espuma.
Portas trancadas para que na fuga ninguém deixasse de pagar a conta? É melhor acreditar que não aconteceu. Filme de terror que agrava qualquer culpa existente.
Olhando mais de perto, não é possível que Santa Maria tenha muitas casas com essa capacidade de público. Onde estava a fiscalização? Onde estavam os que deveriam ter exigido o cumprimento das regras, os que apostaram no jogo fácil dos olhos e ouvidos de mercador quando apenas um acidente depois de anos de omissões criminosas que pareciam impunes desnuda todos os Reis e sacrifica tanto do nosso povo?
E os chefes? E os chefes dos chefes? E a política de segurança de eventos como esses?
As responsabilidades vão do âmbito administrativo, passando pela improbidade até o passeio completo pelo Direito Penal. As punições são necessárias porque as pessoas tem de saber que ações e omissões, principalmente as que envolvem grandes públicos, devem ser tomadas com estrita observância do ordenamento jurídico.
As centenas de jovens, dormindo para sempre com a ajuda inebriante das fumaças aguardam em silêncio que as autoridades se manifestem e as pessoas sejam menos levianas.
O Brasil está em choque e em xeque porque, na iminência das maiores festas que o mundo conhece, Santa Maria manda um recado doloroso de que devemos melhorar muito na seriedade com que encaramos normas de segurança para que possamos alcançar outros estágios de civilização.
Fábio Scliar
Mestre em Direito Público, Professor e Delegado Federal
Talvez esse artigo não devesse ser escrito. O silêncio seria o que chamamos no Direito de silêncio eloquente. A ausência que vale mais que mil palavras. Mas o som da argumentação e da crítica, é uma arma poderosa que se não pode evitar o que aconteceu, pode contribuir para que tragédias assim não ocorram de novo.
O mais comovente nas notícias a respeito de Santa Maria foram os relatos de bombeiros e legistas sobre as dezenas e dezenas de celulares que tocavam sem parar ao lado dos corpos de mortos e feridos. Eram pais, irmãos e amigos ligando para as vítimas, querendo saber notícias...respostas que nunca virão, o silêncio que diz tudo, famílias despedaçadas...
Mais de duzentos jovens mortos. Jovens no ápice da vitalidade, estudando, aproveitando a vida....O futuro...o futuro.
O País do Futuro, dos grandes eventos, da Copa do Mundo, das Olimpíadas. Onde tudo é gigante, as estradas, as pontes, os rios, menos o cuidado, a responsabilidade, o respeito às regras.
Depois do choro e da comoção, se é que haverá um depois, quem pagará pelo acontecido? A cadeia de responsabilidades é enorme.
Olhando de longe, o dono do estabelecimento e seus funcionários que não cumpriram, até onde se sabe, regras de sinalização de saídas de emergência, previsão de rotas de fuga, verificação da incompatibilidade tão óbvia entre um show pirotécnico e revestimentos de espuma.
Portas trancadas para que na fuga ninguém deixasse de pagar a conta? É melhor acreditar que não aconteceu. Filme de terror que agrava qualquer culpa existente.
Olhando mais de perto, não é possível que Santa Maria tenha muitas casas com essa capacidade de público. Onde estava a fiscalização? Onde estavam os que deveriam ter exigido o cumprimento das regras, os que apostaram no jogo fácil dos olhos e ouvidos de mercador quando apenas um acidente depois de anos de omissões criminosas que pareciam impunes desnuda todos os Reis e sacrifica tanto do nosso povo?
E os chefes? E os chefes dos chefes? E a política de segurança de eventos como esses?
As responsabilidades vão do âmbito administrativo, passando pela improbidade até o passeio completo pelo Direito Penal. As punições são necessárias porque as pessoas tem de saber que ações e omissões, principalmente as que envolvem grandes públicos, devem ser tomadas com estrita observância do ordenamento jurídico.
As centenas de jovens, dormindo para sempre com a ajuda inebriante das fumaças aguardam em silêncio que as autoridades se manifestem e as pessoas sejam menos levianas.
O Brasil está em choque e em xeque porque, na iminência das maiores festas que o mundo conhece, Santa Maria manda um recado doloroso de que devemos melhorar muito na seriedade com que encaramos normas de segurança para que possamos alcançar outros estágios de civilização.
Fábio Scliar
Mestre em Direito Público, Professor e Delegado Federal